Ganesha e Astrologia Védica

Na fascinante trama da astrologia védica, os Navagrahas, ou nove planetas, encontram sua expressão divina no panteão védico. Entre esses, destaca-se Ketu, o nodo sul, uma entidade intrinsecamente vinculada a Ganapati, o senhor das hostes.

Semelhante a Ganesha, o nodo sul também carrega consigo a peculiaridade de ter sua cabeça separada do próprio corpo. Essa ausência de cabeça, desprovida de inclinações egóicas, simboliza um importante indicador espiritual na vida do indivíduo.

As narrativas dos textos puranicos revelam uma correlação única entre Ganesha e Ketu. No  Brahma Vaivarta Purana, Devi Shakti, ao apresentar seu filho recém-nascido, Ganesha, aos deuses, é confrontada pelo olhar paralisante de Shanaicharaya (Saturno). Ao perceber o orgulho da deusa ao exibir sua criação, Saturno, sem hesitar, lança seu olhar paralisante, separando a cabeça da criança de seu corpo. Shiva (Mahadeva), pai de Ganesha, intervém recolhendo a cabeça de seu general para substituir a ausência, e assim nasce Ganapati, o Senhor das Hostes.

A história de Ganesha ecoa no nodo sul, que se torna um marcador claro de renúncia e devoção à divindade. Em outro conto puranico, em um desafio proposto por Mahadeva, seus filhos Kartikeya e Ganesha são instados a percorrer os três mundos da existência condicionada. Kartikeya parte em sua jornada montado pelos três mundos em seu pavão, enquanto Ganesha, de maneira perspicaz, circunda seus pais por três vezes, emergindo vitorioso na competição.

Ketu, à semelhança de Ganesha, simboliza nossa jornada em direção ao desapego material e ao compromisso com o caminho espiritual. Em outro conto dos puranas Ganapati se encontra com Kubera, o tesoureiro dos Deuses. O Deus da riqueza, Kubera, fez oferendas materiais inestimáveis para Ganapati, que aceita uma após outra, entretanto, sua fome ao invés de diminuir, só aumentava, até o momento em que Ganesha diz que vai devorar Alakapuri, a cidade de Kubera inteira. Ao procurar orientações, Mahadeva fala a Kubera para tostar grãos de arroz e esta oferenda foi capaz de finalmente aplacar a fome de Ganesha; quando nós estamos em busca do caminho espiritual, muitas vezes a ambição por bens materiais se torna irrelevante, mas se ao invés de querer tudo para nós mesmos, pudermos oferecer, como a fumaça do arroz tostando que se espalha em direção daqueles que precisam de seu aroma, estaremos dando passos em nosso caminho espiritual. 

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