No universo tudo vibra, o som, os pensamentos, as batidas do nosso coração, nossa respiração, tudo provoca vibrações.
O sânscrito tem uma particularidade interessante na sua gramática, as palavras vibram exatamente o que elas significam, isso porque o idioma foi elaborado a partir das qualidades vibracionais dos sons e dos objetos, dessa forma o nome atribuído as coisas equivale a vibração de cada coisa.
As vogais do sânscrito estão associadas aos elementos primordiais da matéria, que são espaço, ar, fogo, água e terra. As sílabas deste alfabeto são reverências aos elementos que compõe o universo.
Esse provavelmente é um dos motivos da prática de mantras – entoação contínua de palavras ou sílabas – ser uma ferramenta tão poderosa para acalmar a mente e mudar a qualidade da nossa energia, pois ele nos sintoniza com a freqûencia da palavra recitada.
No Yogasutra, Patanjali nos fala do poder do Pranava, vibrações especiais que ajudam a mente a se conectar com Isvara, a força que tudo governa. Segundo o sábio, a contínua recitação feita com devoção e visualizando o seu significado nos conduz ao estado de plenitude e conexão.
A prática do mantra-japa, repetição do mantra, é uma prática ritualísitica e medidativa, que pode ser praticado por qualquer pessoa, pois desenvolve o foco e a concentração, ajuda a mente a sair de um estado de agitação para um estado de calma e relaxamento.
A recitação é feita em voz alta, em forma de murmúrio ou mentalmente, e é aconselhável utilizar o Japamala, um colar com 108 contas.
Como estamos no mês das mães, gostaria de sugerir a recitação do Pranava Amma.
Amma significa mãe, e Ma significa amor. Mãe é aquela que dá amor.
Com esse significado em mente, sente-se em um lugar confortável, de preferência sem barulhos, onde você não será perturbado.
Faça algumas respirações longas, suaves e profundas, e sinta um maior relaxamento e interiorização a cada exalação.
Com a mente mais tranquila procure se sintonizar com a energia do feminino, da nutrição materna, do amor. Sinta pulsando no seu coração.
Se conecte com uma imagem que te remeta a essa energia.
Inspire longo e profundo e na exalação verbalize Aaaaammmaaaaaa, primeiro em voz alta, depois murmurando, e depois mentalmente.
Se você tiver o Japamala pode fazer a volta no colar, ou mais de uma se sentir vontade. Caso não tenha, deixe fluir e faça quantas vezes sentir. Só cuidado para não deixar cair no automatismo, quando perceber que a mente vagou, traga ela de volta, se concentre no som, no seu sentido e na sua imagem mental.
Uma outra maneira de recitar é, na inspiração mentalizar o mantra Aaaaaammm e na exalação verbalizar Maaaaaaa.
Sinta qual fica mais confortável para você. Experimente.
Quando terminar deixe ecoar no silêncio, sinta os efeitos da vibração, deite-se um pouco e aproveite esse momento.
Essa prática pode ser muito transformadora e purificadora, esteja aberto e receptivo.
Para finalizar deixo a seguinte passagem da obra Śrīmad Bhāgavatam:
“No início, quando Brahma se concentrava no Deus Nārāyaṇa, que do seu umbigo se originara, um som sutil (nāda) emanou de seu coração. Este som que veio de seu coração consistia em três sílabas A, U e M. Deste praṇava surgiu o alfabeto sânscrito e consequentemente emergiu Brahma juntamente com os sete hinos que criaram os sete mundos. Brahma então ensinou estes veda-s a seus filhos, grandes sábios que passaram para seus próprios filhos que passaram a diante” [Śrīmad Bhāgavatam skanda 12, cap VI verso 36-46].
Com referências dos textos do meu professor Diego Kouty