A palavra vem do sânscrito, a língua mãe dos Vedas. A raiz “jyoti” significa luz e é traduzida de uma forma poética muito bonita como sendo a ciência que ilumina os nossos caminhos, mostrando o nossa karma dessa vida e das anteriores também. Indica-se que o início se deu por volta de 3000 anos antes do nascimento de Cristo, então, são tempos bem mais antigos do que podemos sequer imaginar como era aquele tempo ou o modo em que se vivia. Segundo o Ṛg veda, o tratado dos Vedas mais antigo que conhecemos, o Jyotiṣa começou a se desenvolver no vale Indo, que atualmente estaria localizado às margens do rio Sarasvati que secou e que tinha seus afluentes no atual Paquistão e Índia.
Lá vivia uma população estimada em 5 milhões de pessoas e é considerada a civilização antiga de maior extensão geográfica com 1,25 milhões de km². Descobertas revelam que entre 2600 a 1900 a.C. essa população viveu o seu apogeu e de 1900 a 1400 a.C. o seu declínio. E revelam também que essa civilização foi a primeira a desenvolver o que se aproxima de cidades com avenidas largas e quarteirões com posição geométrica exata e construções com tijolos seguindo uma medida padrão, além de desenvolverem um sistema hidráulico para acesso da água e saneamento. Foi a primeira civilização a criar medidas padronizadas, técnicas metalúrgicas do cobre, bronze, chumbo e estanho; assim como a desenvolver cálculos de calendários e eleição de momentos auspiciosos para realizar atividades religiosas, através do conhecimento astrológico e astronômico, que tinham apenas os luminares como base (Sol e a Lua).
Por volta do primeiro milênio depois d.C. e após as invasões e conquistas durante o período de Alexandre, o Grande, o Jyotiṣa recebeu contribuições de elementos da astrologia dos babilônios e egípcios, quando o povo hindu foi dominado por eles no noroeste da Índia. Nessa época, o povo indiano já vivia ao redor das margens do rio Gangā, pois após ocorrer a seca do rio Sarasvati (2000 a.C.) o povo migrou para essa região.
O jyotiṣa é um tratado dos vedas, chamado de vedāṇga, que são textos auxiliares dos Vedas principais. Os vedāṇga-s são 6 no total:
- Jyotiṣa – Astrologia/Astronomia, que compõe os olhos.
- Śikṣā – Pronúncia e fonética, que compõe as narinas.
- Vyākaraṇa – Gramática, que compõe a face.
- Nirukta – Etimologia, que compõe os ouvidos.
- Kalpa – Rituais, que compõe as mãos.
- Chandas – Métrica, que compõe os pés.
Posteriormente, passou por algumas reformas e foi dividido em skandhas (seções), que são três no total: siddhānta, horā e saṁhitā. O primeiro são os cálculos astronômicos e matemáticos; o segundo compreende ao estudo do mapa natal, desenvolvido por Maitreya, discípulo de Parāśara, na interpretação de grahas (planetas), bhāvas (casas), rāśis (signos), nakṣatras (asterismos) e outros elementos, por sua vez, Horā é dividido por membros como horóscopo (jātaka), horária (praśna), eletiva (muhūrta) e uma parte do estudo de sinais (nimitta) e o terceiro é o conhecimento de sinais (nimitta), sonhos (svāpna), eclipses, meteoros e estudos voltados a assuntos mundiais.
Há diversos textos clássicos que são estudados em astrologia védica, mas os principais para astrologia natal são: Bṛhat Jātaka, Sārāvalī, Phaladīpikā e Jātaka Pārījāta. Essa é a história sobre o Jyotiṣa, seguido de um breve resumo sobre a sistematização literária, que serve como referência principal para estudar essa ciência milenar.