Diferenças e Similaridades entre Astrologia Hindu e a Astrologia Ocidental conhecida por Astrologia Tropical

A astrologia começou com a observação do céu. O céu no momento do nascimento reflete a vida do próprio indivíduo e as influências sobre seu destino.
Kala significa tempo, em sânscrito. O zodíaco é chamado, em sânscrito, de Kala-Purusha, ou tempo personificado. Também é conhecido como Kala-Chakra, ou roda do tempo. Como diria Machado de Assis: “O tempo é o tecido invisível em que se pode bordar tudo.”
A palavra em sânscrito para Astrologia Indiana é Jyotisa, que significa luz, “corpo de luz” ou “corpo celestial”.
O conhecimento da Astrologia Hindu remete à cultura da Índia antiga e apresenta alguns pontos em comum com a Astrologia Ocidental, bem como diferenças importantes.
A astrologia começou na antiguidade, entre 4.000 e 3.000 a.C. com os povos que passaram a observar o céu, sumérios e babilônicos. A astrologia hindu começou a se desenvolver desde o último milênio antes de Cristo, com seu primeiro texto, o Vedanga Jyotisa do sábio Laghada (1.900a.C.). O Jyotisa não começou com caráter de astrologia natal, preditiva ou horoscópica, iniciou com o estudo do Sol e da Lua, dos ciclos lunares apropriados para os rituais, os nakshatras, etc., só após o contato com os gregos, a partir do século II, com os textos do Javana Jataka, que ocorreu o início dos estudos da astrologia natal, sua importância para o nascimento dos reis e demais natividades, e foi gradualmente se modificando.
O Jyotisa considera o karma, ou seja, o ciclo de ações e reações praticadas e vividas pelo ser vivo, na sua experiência de interação com o campo, que é percebido por meio de sua consciência. A Astrologia Ocidental considera aspectos psicológicos e faz a análise da personalidade com base no trânsito solar.
O Jyotisa faz uso do zodíaco sideral, que analisa as constelações em movimento, utilizando o calendário lunar, enquanto, a Astrologia Ocidental, faz uso do zodíaco tropical, surgido a partir de Ptolomeu, que considera as estrelas fixas e o calendário gregoriano.
Na Astrologia Hindu o céu é dividido em 12 signos, assim como na Astrologia Ocidental, considerando as constelações zodiacais, contudo, existe diferença no início das datas de cada signo.
Quando o sistema tropical foi criado, cerca de 2000 anos atrás, foi implementado um mapa astrológico fixo que mapeava as posições das estrelas no céu como elas estavam naquele momento, nas estações do ano e na posição da Terra, o ponto de partida do zodíaco tropical é o equinócio da primavera no hemisfério norte, o ponto vernal, geralmente a 0º de Áries, que ocorre em 21 de março.
O sistema sideral, no entanto, é baseado na posição atual das constelações em relação à Terra, isso significa que houve uma mudança de 1 grau, aproximadamente, a cada 72 anos, em decorrência da precessão dos equinócios, que altera a posição do zodíaco com o passar do tempo. O ângulo entre o plano do equador e o plano orbital da Terra é chamado de obliquidade, cerca de 24°. Também podemos definir a obliquidade como a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao eixo perpendicular à eclíptica (plano orbital da Terra). Este é um movimento bem lento, que faria a Terra completar uma volta mais ou menos a cada 26.000 anos em torno do eixo de sua eclíptica e que modificaria o zodíaco com o passar do tempo.
A diferença entre os dois zodíacos chega a 24º, isso quer dizer que, por exemplo, se uma pessoa tem o Sol a 23º de Escorpião no zodíaco ocidental, com cálculos tropicais, terá seu Sol por volta dos 29º graus de Libra, no zodíaco hindu, cálculo sideral. Outro exemplo: se a pessoa nasceu com a Lua a 24º de Touro, zodíaco ocidental, no zodíaco hindu estará a 1º de Touro. Então, pode ou não haver uma mudança do signo astrológico entre os zodíacos, dependendo dos graus da posição analisada. Abaixo constam as datas do ingresso solar nos signos considerando a precessão dos equinócios:
• Áries: Mesha (14 de abril a 15 de maio)
• Touro: Vrishaba (15 de maio a 15 de junho)
• Gêmeos: Mithuna (15 de junho a 16 de julho)
• Câncer: Karkata (16 de julho a 17 de agosto)
• Leão: Simha (17 de agosto a 15 de setembro)
• Virgem: Kanya (16 de setembro a 15 de outubro)
• Libra: Tula (16 de outubro a 15 de novembro)
• Escorpião: Vrishchika (16 de novembro a 15 de dezembro)
• Sagitário: Dhanus (16 de dezembro a 13 de janeiro)
• Capricórnio: Makara (14 de janeiro a 13 de fevereiro)
• Aquário: Kumbha (13 de fevereiro a 14 de março)
• Peixes: Meena (15 de março a 14 de abril)
O céu, tomado como um todo de 360º, é dividido em 12 partes, que são as chamadas 12 casas astrológicas, o Jyotisa utiliza o sistema de casas correspondente aos signos inteiros, no qual, as casas são divisões simbológicas de 30º, formando uma sequência que parte da casa
1 (ascendente) à casa 12, em que cada uma ocupa um dos doze signos do zodíaco. A primeira casa do mapa é marcada pelo signo que se eleva no céu, no horizonte, e que está vinculado ao momento que a natividade vem ao mundo, a hora do nascimento. Cada casa do mapa astral tem um planeta que a rege, seu regente, que terá distinções conforme o signo que ocupa. O regente do lagna (ascendente) é o lagnesha, que influencia em como é a vitalidade, disposição do indivíduo e como este é percebido. Já a Astrologia Ocidental pode considerar na mandala do zodíaco as casas interceptadas, quando a cúspide da casa não se encontra no início de um signo astrológico e um signo pode ocupar um espaço maior ou menor que 30º, considerando o tamanho das constelações.
Outra diferença é que o Jyotisa utiliza os sete grahas (astros e planetas) tradicionais: Sol (Surya), Lua (Chandra), Marte (Mangala), Mercúrio (Budha), Júpiter (Guru), Vênus (Sukra) e Saturno (Sani), e além deles, os pontos na eclípitica onde o Sol e a Lua se encontram, pontos de eclipse, Rahu e Ketu, conhecidos na Astrologia Tropical como Nódo Norte e Nódo Sul da Lua. Já a Astrologia Tropical, além desses planetas, também utilizam os chamados planetas transpessoais ou exteriores, Urano, Netuno e Plutão, e, ainda outras referências, como exemplo, os asterismos.
No Jyotisa há também a divisão dos signos em diferentes partes, conhecidas como amshas ou vargas, essas divisões dos signos são utilizadas para verificar especificidades e a força dos grahas para prever apropriadamente os frutos do mapa natal, não se tratam de mapas divisionais, e, não são encontradas na Astrologia Ocidental.
As perspectivas diferentes entre as visões da Astrologia Hindu e da Astrologia Ocidental, cada uma com seus métodos de delineação e predição e técnicas consolidadas, apresentam referências de sábios e autoridades nos seus conhecimentos, e ambas tem tradições muito sérias, com contribuições que em muitos momentos se comunicaram. Conhecimento que vem do passado e nos ajudam a entender o universo e o ser humano.
Hare Krishna!
Agradecimentos ao mestre Goura Hari Dasa

Kathiana Sousa: Bióloga, Advogada, Astróloga Védica e Oraculista. Nascida no Sertão de Pernambuco, desde criança aprecia as estrelas, os conhecimentos e estórias que são passados de geração em geração, a música e a dança, gosta dos animais, das plantas, da natureza como um todo, com fé vai vivendo o dia a dia, entre conexões e insights, com muito amor.