Lakshmí, a personificação da beleza

Conhecida nos vedas como “Srí” ou “Lakshmí”, a deusa representa prosperidade, poder, boa sorte e beleza. Apesar de haver uma suposição de que Srí e Lakshmí não são as mesmas, as descrições delas são tão idênticas, que leva a conclusão de que elas são a mesma deidade. Algumas linhas opinam que Srí foi uma deidade pré-védica associada a fertilidade, água e agricultura, que depois se fundiu com Lakshmí, a deusa da beleza.

Segundo os Puranas, na sua primeira encarnação ela foi filha do sábio Bhrgu e sua esposa Khyati, na segunda nasceu do Oceano de Leite. Eterna esposa de Víshnu, ela renasce sempre que ele encarna. Quando ele surge como Vámana, Parasuráma, Ráma e Krsna, ela surge como Padmá (ou Kamalá), Dharaní, Sítá e Rukminí. Ela é inseparável de Vishnu, e no que se associa ao conhecimento intelectual e boas ações, ele representa tudo o que é masculino e ela tudo o que é feminino.

É dito também que ela aparece sentada aos pés de Vishnu, com quem é casada, para mostrar que as riquezas do mundo estão aos pés de Vishnu, aos pés do Todo.

Lakshimí é usualmente descrita como encantadoramente linda, sentada numa flor de lótus, segurando lótus nas suas duas mãos. Talvez por isso seja conhecida também como Padmá ou Kamalá. Ela também usa uma guirlanda feita de lótus. Muitas vezes dois elefantes aparecem ao seu lado, jorrando água sobre ela, representando sua pureza celestial. Seu semblante varia de negro, rosa, dourado e branco. Quando está na companhia de Vishnu, ela aparece com duas mãos. Quando representada em templos, ela aparece sentada num trono de lótus com quatro mãos segurando Padma, Sankha, Amrtakalasa (néctar) e Bilva (uma fruta), ou Mahalinga (fruta cítrica). Quando aparece com oito mãos, um arco e flecha, e um bastão e discos são adicionados, essa figura representa Mahalakshmí, um aspecto de Durga (deusa da proteção).

Simbolicamente, quando Lakshmí tem a pele escura, ela está representada como a esposa de Vishnu, o deus negro. Se dourada, representa a riqueza. Se branca, ela representa a mais pura Prakrti (natureza), da onde o universo se desenvolveu. A aparência rosa, que é a mais comum, simboliza sua compaixão pelos seres, já que ela é a mãe de todos.

Suas quatro mãos simbolizam seu poder de garantir o propósito da vida humana: Dharma (missão), Artha (riquezas), Káma (prazeres) e Moksa (liberdade). A lótus, florescendo, representa o mundo em diversos estágios de evolução. As frutas representam as recompensas pelo trabalho, que só é recebido com as bençãos da deidade.

Em algumas esculturas de Lakshmí, uma coruja aparece como o seu transporte. A palavra em sânscrito para coruja é Uluka, que também é um dos nomes de Indra, o rei dos deuses. Lakshmí sendo a deusa da boa fortuna, não havia ninguém melhor para conduzi-la do que o rei dos deuses, que personifica toda a riqueza, poder e glória que qualquer ser pode desejar nessa vida.

Pela visão do Bhagavad Gita, pode-se comparar a coruja a Sthitaprajna, um homem de sabedoria elevada, o que simboliza que a Mãe Lakshmí é a referência da sabedoria espiritual. 

Samudramathana e a história do nascimento de Lakshmí

Para descobrir o néctar da imortalidade, devas e asuras juntaram-se para bater o oceano de leite. Pegaram uma montanha e colocaram no meio do oceano, amarraram uma cobra no meio e cada um deles puxou de um lado fazendo a cobra como corda para que assim, a montanha batesse o oceano de leite. Começaram a bater e coisas lindas e maravilhosas surgiram desse oceano de leite, uma delas foi Lakshmí que surgiu sentada numa flor de lótus. Quando ela apareceu os deuses ficaram encantados, os Gandarvas tocaram e cantaram em sua homenagem enquanto os Apsaras dançaram a seu redor. Ganga a seguiu enquanto elefantes banhavam-na com água.

Nessa história, que ilustra seu nascimento, o oceano de leite representa a mente purificada, portanto, Lakshmí é aquela que nasceu da mente purificada, simbolizando as riquezas dessa mente purificada. Apesar de se se encontrar muita associação da deidade com à riqueza material, ela representa muito mais que isso, representa também a riqueza mental, a riqueza interior.

Outras formas conhecidas de Lakshmí:

Rajyalakshmí – é a companheira dos reis e governantes. Protege-os enquanto estão no caminho da verdade e da justiça e os abandona quando estes esquecem os seus deveres como governantes;

Jayalakshmí – representa a vitória, que muda de lado quando deseja. Mostra que nunca se ganha sempre;

Vijayalakshmí – está associada ao sucesso profissional;

Viryalakshmí – relacionada à força e coragem;

Grhalakshmí – representa o bem estar no casamento;

Yasolakshmí – é a deusa da fama;

Santanalakshmí – representa a prosperidade associada a filhos e netos;

Vidyalakshmí – prosperidade relacionada ao conhecimento;

Gajalakshmí – relacionada aos elefantes, representa todos os animais;

Dhanya lakshmí – representa a prosperidade relacionada ao alimento;

Dhanalakshmí – está relacionada a riqueza material;

Adilakshmí – está associada a causa do universo, aquela que sustenta o Universo.

O seu nome é associado a todas as virtudes femininas na tradição Hindu. As jovens esposas são comumente chamadas de “Lakshmí” na esperança de que ela trará fortuna para casa.

Lakshmí é reverenciada durante todo o ano em diferentes festivais em cidades e vilas por toda a Índia, mas o festival mais importante associado a ela é o Divali, quando ela é invocada para trazer saúde e prosperidade para a casa de seus devotos. Muitos deles ficam acordados durante toda a noite com as portas e janelas de suas casas abertas par que Lakshmí entre e os abençoe com a sua presença. Como a deusa está associada a fortuna e à prosperidade, comerciantes reverenciam seus livros caixa nesse dia.

Ritual para Lakshmí

Para se conectar à deusa, é necessário fazer um ritual de adoração chamado puja. Essa conexão trará abundância para quem o fizer e para a sua família. Para realizar o ritual são necessários: uma imagem da deusa; o ato de adoração que inclui moedas, flores, frutas e alimentos que devem ser oferecidos a ela; consumir os alimentos oferecidos após serem abençoados.

Pode-se criar um pequeno altar em casa para adorar Lakshmí, é só cobrir um local com uma toalha, colocar uma imagem dela em cima, além de uma vasilha com água pura. Pode-se colocar também algumas velas, incenso, moedas frutas da época e flores. Por fim é só colocar um som de natureza e sentar-se em uma cadeira ou na posição de lótus. Com tudo pronto, comece com o mantra Om shreem Mahalakshmiyei namaha e feche os olhos. Comece a se ver flutuando em um rio em cima de uma flor de lótus vermelha bem grande. Lakshmí estará ao seu lado, vestida com seu sári vermelho bordado em dourado. Por fim converse, diga que lhe trouxe presentes e espera receber em troca sua sabedoria. Em seguida é só deixar a sua imaginação te levar, escute o que a deusa tem para te dizer e aprenda com suas palavras. Por fim, para retornar, se despeça, respire de forma profunda três vezes e abra os olhos.

Mantras para Lakshmí

Om Srí Lakshmí ki jay

Om shreem Mahalakshmiyei namaha

Fonte: “Vida de Yoga” de Tales Nunes e “Hindu Gods and Goddesses” de swami Harshananda

Deixe um comentário

Rolar para cima