Brahma, Vishnu e Shiva, os deuses indianos mais conhecidos como a trimurti, são as principais deidades do hinduísmo. O primeiro é o criador, o segundo é o mantenedor e o terceiro é o que destrói para trazer renovação. Na cultura védica existe um conceito de dualidade, onde os polos não são tidos como algo bom ou mau de maneira absoluta. Onde as duas pontas são complementares, assim como o dia e noite formam uma dinâmica importante para que a Terra não se superaqueça. Logo, isso faz do Sol e da Lua dois polos complementares e não apenas um par de opostos. Esse conceito pode ser replicado para tudo, inclusive, para a noção inicial que temos de qualquer coisa, como sendo algo que é só bom ou algo que é absolutamente mau.
Tendo isso em mente e voltando para os deuses indianos, Brahma, Vishnu e Shiva, cada um deles possui uma shakti (força), que é a sua consorte, representada por uma deusa indiana. O sentido é de que os deuses tem tanto a habilidade de criar, como de manter, e também, para destruir essa criação abrindo espaço para algo novo surgir. Portanto, a shakti ou o lado feminino dos deuses são a manifestação mais ativa deles, que conduz ao outro polo trazendo equilíbrio à tendência que eles têm de repouso, um estado mais passivo e calmo.
Então, Sarasvati é a shakti de Brahma, o deus responsável pela criação. Lakshimi é a shakti de Vishnu, o deus responsável pela manutenção da criação. Sati ou a sua reencarnação, Parvarti, como um lado benevolente, Kali ou Durga, como sendo mais destrutivo, são as shaktis de Shiva. Temos descritas aqui as deusas do hinduísmo que trazem consigo uma esfera de significados e de representações de energias muito potentes. Vamos falar um pouco mais sobre essas energias, de suas representações e de como se manifestam:
Sarasvati é a deusa do conhecimento, da arte, da música, da fala e dos sons, da fertilidade e da sabedoria. Ela se manifesta através da inteligência, da eloquência, que é a habilidade de falar com harmonia e graciosidade, isso traz inspiração a quem ouve e auxílio para assimilar o conhecimento. Proporciona uma excelente expressão artística, gerando conexões com o nosso lado mais sutil e interno.
É por isso que podemos nos conectar com essa energia ao entrar em contato com um conhecimento precioso que nos enriquece, ao escrever algo muito fluido e inspirador, tal como poesias e poemas, indo das histórias até uma escrita mais técnica. Ouvir uma música, aprender um novo idioma, entoar mantras e nos colocarmos em silêncio para meditar também são boas maneiras de conexão com essa deusa hindu.
Parvarti é a deusa do poder do amor, da maternidade, da compaixão, da beleza e é muito reconhecida como a deusa do casamento, um sentido trazido da história que conta sobre a sua jornada enquanto a reencarnação de Sati, a primeira esposa de Shiva. Ela se manifesta através da coragem, da paixão, da lealdade, da ternura, da gentileza e da beleza. Muito do que foi citado nos conduz ao autoempoderamento, que nasce do amor próprio e também pelos outros.
Podemos nos conectar com essa energia fazendo práticas de autocuidado, desde exercícios físicos aos que trabalham a mente e o corpo como um todo. Tendo uma postura amorosa, que oferece apoio e suporte para quem precisa. Exercendo o papel de pai e de mãe, de cuidador ou de alguém que educa. Também é possível se conectar pelos mantras e qualquer ritual que seja sagrado para você.
Lakshimi é a deusa da prosperidade, fortuna e abundância, que são uma consequência da felicidade de uma postura generosa diante da vida e dos outros. Ela se manifesta através das riquezas, então, é tudo aquilo que é capaz de enriquecer a existência do ser humano, da alegria e gratidão, que está muito relacionada com a capacidade de generosidade para com os outros, seja em causas sociais e humanitárias ou doando parte do seu tempo para quem precisa.
Podemos nos conectar com essas energias pelos recursos financeiros e tudo o que envolver as trocas comerciais de compra, venda e doações. Atitudes de gratidão e de oferecer bênçãos aos que precisam, seja em rituais religiosos ou nas atitudes mais comuns do dia a dia. Meditação, mantras e rituais religiosos que façam sentido para você também são recomendados para uma maior conexão com o que é divino.
Como tudo na vida, mas principalmente na cultura védica, essas energias se relacionam entre si, pois através da sabedoria de Sarasvati, nós adquirimos a força interior de Parvarti, que é o que nos leva a obter prosperidade na vida.
A prosperidade de Lakshimi nos permite ter tempo e outros recursos para adquirir os conhecimentos de Sarasvati, que é o que nos empodera gerando a força de Parvarti.
O conhecimento de Sarasvati nos conduz para o caminho do amor de Parvarti, que nos leva para a felicidade de Lakshimi.
O amor de Parvarti e a generosidade de Lakshimi também nos conduzem para a busca e o encontro do conhecimento verdadeiro. E finalmente, através de Lakshimi e de Sarasvati, nós encontramos a força da meditação que Parvarti nos oferece nessa jornada última que nos leva para algo divino.
Para uma reflexão mais prática, verifique como anda a sua relação com a gratidão pelo que você tem e pelo que consquistou.
Quais tipos de conhecimentos você tem buscado? E qual é a qualidade das fontes das quais está bebendo?
Reveja se você tem respeitado o seu tempo, separando também, um momento apenas seu.
E se as suas prioridades de vida estão recebendo um olhar amoroso da sua parte.
Cultive o lado feminino que existe aí dentro, independente da sua identidade pessoal com o feminino/masculino, mire essas energias e manifestações de conhecimento, de amor e de prosperidade e abundância.