Poesia regional sobre o centro-oeste do Brasil

Mato Grosso do Sul, tendo Campo Grande como capital, centro-oeste, coração do Brasil.
Terra de coronéis desbravadores, de onça de estimação, de jacaré na esquina e índio pelado correndo com arco e flecha pelas ruas (com total respeito, tanto aos indígenas quanto aos ignorantes) …Só que não…. Até pouco tempo atrás (hoje muito menos, mas pasmem que ainda assim pensam uns), a real (?!) visão das pessoas em relação a essa região do Brasil. Era o que eu ouvia nas férias, dos amiguinhos que fazia na praia quando criança (de qualquer estado que fosse) ou na volta do convívio com os parentes do Rio. Ah, aqui mar não há, mas cachoeiras e rios brotam em todo lugar.
De clima quente (muito quente) e seco, sem esquecer de mencionar o acolhedor que abraça os forasteiros povos que aqui vieram parar como os japoneses, árabes, gaúchos, italianos, dentre outros; cada qual com seus costumes e tradições.
O frio (quando se tem e olhe lá), nunca se alonga por mais de duas semanas (nem sempre consecutivas), mas é o que temos para sair algumas vezes de cachecol e botas.
Terra do Pantanal, de Bonito, que se tornou mundial, do tereré gelado e também do mate quente (uma dualidade realmente), do arroz carreteiro (com carne de sol ou sobra de churrasco e ovo frito por cima), da chipa (tipo parente de um pão de queijo em formato de ferradura, receita originada dos hermanos paraguaios), da pamonha (tem de sal e de açúcar), da rapadura feita da garapa da caiana, do churrasco e do chamamé.
As gunas em geral do clima da região são de seco (RUKSHA) e quente (USHNA), acarretando um possível agravamento em vata e pitta. Para evitar essa descompensação desses doshas, seria recomendado uma alimentação leve porem nutritiva, untuosa e de fácil digestão.
Em se tratando de ayurveda, é recomendado que consumamos os seis sabores (RASA), em proporções que diferem de pessoa para pessoa, de caso a caso, cada qual com suas qualidades e propriedades:
SABOR (RASA) | ELEMENTO | AÇÃO NO CORPO | AÇÃO NA MENTE |
Doce – madhura | terra+ agua | estimulante | contentamento/ansiedade |
Azedo – amla | terra + fogo | desperta agni | Desperta sentidos/ raiva |
Salgado – lavana | agua + fogo | estimulante | acalma/ impaciência |
Amargo – tikta | ar + eter | Limpa, refresca | Amplia sentidos/ insônia, medo |
Picante – katu | fogo +ar | Aquece, melhora a digestão | Amplia sentidos/raiva, impaciência |
Adstringente kashaya | terra+ ar | Limpa sangue e cura feridas | Amplia emoções/ medo, ansiedade |
A terra nativa nos dá a bocaiuva, o baru, o pequi e o bacuri (que faz até referência ao guri – menino, no caso). Todos frutos de sabor doce (MADHURA), untuosos (SNIGHDHA) e muito nutritivos. Agrada de gente a bicho! Além da sombra (a fim de conter o calor). Tem também a guariroba, que não é todo mundo que gosta, pois, o amargo (TIKTA) define a sua bossa!
Na terra cultivada tem a mandioca, que é difícil quem não gosta, e também o inhame, mas há quem reclame. Ambos de sabor doce, que vão bem com sal ou com rapadura, conferindo nutrição e podem muito bem substituir o pão. Esses são herança, dos povos originários que nessa terra habitaram aos montes e hoje há quem conte. Sem falar do milho, que pode ser cozido ou moído, tem também quem prefira o ralado, mas fica bom em qualquer preparo, conferindo saciedade e felicidade.
Aliás, não podemos deixar de fora as ervas e especiarias, que frescas ou secas na bacia, nossas avós a tempos sabiam, desde como curar e benzer e que para tudo tinham o poder. Açafrão da terra (de sabor amargo, picante e doce) que cura qualquer mazela do estômago; além de cicatrizar e desinflamar e que se juntar com a pimenta do reino, fazem uma limpa nas toxinas. Também tem a erva doce, usada tanto no chá como no doce; de sabor inconfundível e como o nome já entrega que é madhura, auxilia e alivia a dispepsia, dentre todos os dissabores das dores abdominais. Ah, não se pode deixar de falar da canela, pois quase tudo cabe uma pitada dela. De sabor doce e picante, digestiva e carminativa, o organismo todo tonifica. E quem nunca tomou um chá de gengibre? Que o agni incrementa e cura a inapetência.
Terra abençoada, assim como todas, nos oferece o que necessitamos para nela viver, nos nutrir e curar. Até o “mato” do assa- peixe (vernonia polysphaera), que a meu ver, perfume melhor não há nesse mundo é um santo remédio para sanar diversos males respiratórios e atuar como analgésico natural.
Por ser da terra, me perdoem as outras regiões, da qual algumas conheço , mas não a ponto de explanar por igual, mas na real, nosso país têm seu encanto especial, esse Brasil é rico e mágico demais!
NAMASTE

Ana Rosa Escorcio Nantes, engenheira agrônoma de formação, com pós-graduação na área de alimentação de ruminantes. Por amar a Natureza, sentiu uma forte ligação por paisagismo com foco e necessidade daquele voltado ao produtivo, holístico e de interiores, dando ênfase em plantas purificadoras de ambientes, ervas aromáticas e PANC’S. Sempre curiosa e em busca de “conhecimentos atrás dos véus”, em 2021 concluiu o curso de formação em Terapeuta Ayurvedica, onde está mais focada às questões voltadas à alimentação e dinacharya. Atualmente estuda sobre os óleos essenciais e seus benefícios aliados à cosmetologia.